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Augusto dos Anjos (1884 – 1914)

Augusto dos Anjos (1884 – 1914). Vida. Nasceu na Paraíba, estudou Direito em Recife e viveu no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, tendo exercido as profissões de advogado, promotor e professor de Literatura;

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Augusto dos Anjos (1884 – 1914)

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Presentation Transcript


  1. Augusto dos Anjos(1884 – 1914)

  2. Vida • Nasceu na Paraíba, estudou Direito em Recife e viveu no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, tendo exercido as profissões de advogado, promotor e professor de Literatura; • Foi muito influenciado pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que tinha como traço marcante o pessimismo.

  3. Obra • É considerado por alguns um poeta simbolista, mas une às características dessa escola o cientificismo naturalista, por isso situa-se no Pré-Modernismo; • Publicou apenas uma obra, Eu (1912), que choca pelo vocabulário agressivo e pela visão de mundo angustiante da vida; • Utilizou termos até então considerados antipoéticos, como verme, escarro, germe, urubu etc.;

  4. Seus temas também não eram ortodoxos: prostitutas, substâncias químicas que compõem o corpo humano, decrepitude dos cadáveres etc.; • Em síntese, sua poesia é um paradoxo criado pela união entre duas concepções de mundo: a objetividade do átomo e a dor de tentar descobrir o sentido da existência humana.

  5. Versos Íntimos (Augusto dos Anjos) Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!

  6. Psicologia de um vencido (Augusto dos Anjos) Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme - este operário das ruínas - Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! rutilância: brilho intenso; epigênese: Teoria do desenvolvimento dos corpos organizados, por meio da agregação de moléculas;

  7. Budismo Moderno (Augusto dos Anjos/Arnaldo Antunes) Tome, Doutor, essa tesoura, e... corte Minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa Todo meu coração, depois da morte?! Ah! Um urubu pousou na minha sorte! Também, das diatomáceas da lagoa A criptógama cápsula se esbroa Ao contacto de bronca destra forte! Dissolva-se, portanto, minha vida Igualmente a uma célula caída Na aberração de um óvulo infecundo; Mas o agregado abstracto das saudades Fique batendo nas perpétuas grades Do último verso que eu fizer no mundo! diatomácea: organismos unicelulares pertencentes ao Reino Protista; criptógamo: que tem os órgãos de reprodução ocultos; esbroar: reduzir a pequenos fragmentos.

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