Emoções e Afetos no Trabalho

1. Emoções e Afetos no Trabalho Referência: Gondim, S. M. G e Siqueira, M. M. M. Emoções e Afetos no Trabalho. Em J. C. Zanelli, J. E. Borges-Andrade e A. V. B. Bastos (Eds.), Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed (prelo).

2. Objetivos & Conteúdo • O aluno deverá ser capaz de: • Caracterizar emoção, afeto, sentimento, humor e temperamento e suas inter-relações; • Analisar os aspectos mais significativos das relações entre cognição e emoção e razão e emoção; • Discorrer sobre as 3 principais abordagens da afetividade no trabalho; • Identificar possibilidades de aplicação do conhecimento sobre emoções, na atuação profissional. • Emoções e afetos: delimitações conceituais e perspectivas teóricas • Razão e emoção no contextos das organizações formais de trabalho • Afetividade no contexto de trabalho

3. Por que emoções e afetos são importantes? Expressar e informar estados internos Identificar o perigo Emoções e Afetos Comunicar o impacto verbal, não verbal e comportamental Orientar ações em relação a si e aos outros e ao ambiente • Funções: • Sobrevivência da espécie; • Construção histórica; • Aprendizagem e ajustamento social; • Expressão da subjetividade e da individualidade.

4. Emoções e Afetos Nas organizações: Avanço do estudo do Comportamento Organizacional ampliou o espaço do Afeto e Emoções no Trabalho Ambiente externo influencia as emoções, o humor e a afeto do trabalhador, o que pode facilitar ou dificultar o desenvolvimento de um clima propício ao bem estar no trabalho. Emoções negativas não necessariamente devem ser reprimidas Introdução de normas que estimulam a solidariedade, empatia, sentimentos de pertencimento – Promoção do Grupo Social

5. Percepção da prontidão para a ação do organismo – desencadeadas pelas sensações fisiológicas São desencadeados pela interpretação cognitiva da situação – já registrada na memória Emoções e Afetos Delimitações Conceituais: X Sentimentos Emoções • Alguns autores: • Sentimentos; • Reações fisiológicas; • Cognição; • Expressão motora. Componentes básicos da Emoção

6. Emoções e Afetos Delimitações Conceituais: • Para Damásio: • Emoções são alterações corporais; • Sentimentos são processos cognitivos acompanhados de experiência. Para Gray e Watson: Duração Objeto Estado Emoção segundos focado breve Afeto Humor minutos/dias difuso longo Temperamento Meses/anos Cf. contexto duradouro

7. EMOÇÕES Relacionadas a alterações fisiológicas e corporais; AFETOS Relacionados aos sentimentos, humores e temperamentos; Relacionados também aos aspectos cognitivos; SENTIMENTOS Relacionados a interpretações subjetivas de cada situação; HUMOR Relacionados a um estado afetivo duradouro, mas não ligados a um objeto específico; TEMPERAMENTO Manifestações de um estado afetivo individual; Persistentes no tempo; Características subjetivas de cada pessoa. Sintetizando:

8. Emoções e Afetos Muitas perspectivas teóricas! • Principais focos de discordância: • Qual a função que a emoção cumpre na vida humana? • Função biológica X Função psicológica • Compreensão de como se dá o processo emocional. • Qual o nível de consciência na resposta emocional?

9. Emoções e Afetos Perspectivas Teóricas: Foco de Análise da Emoção Abordagem Teórica Filosófica Sentido da vida Fisiológica Funções no processo evolutivo Fenomenológica Experiência consciente Comportamental Estímulos externos que eliciam emoções Cognitiva Avaliação subjetiva da emoção Clínica Distúrbios da emoção Social Expressões verbais, gestuais, faciais...

10. Relação entre Cognição e Emoção A emoção exerce poder sobre a cognição ou é controlada pela cognição? Cognição - pensar Cognitivistas Interdependência Conação - querer Afeto - sentir Afeto Pulsão ou energia psíquica Psicanalistas Representação Processos não conscientes que permitem a expressão psicopatológica de estados emocionais e afetivos no plano consciente.

11. FRACA Associação: Afeto e Representação FORTE Associação: Afeto e Representação Relação entre Cognição e Emoção A Abordagem Psicanalítica Desencadeia a Neurose – Angústia Não desencadeia a Neurose Afeto Representação Imagem/palavra Sentimentos Inconscientes

12. Relação entre Cognição e Emoção A Abordagem dos Neurofisiologistas Córtex Sensorial (cognição) Estímulo Emocional Tálamo Sensorial Amídala Cerebral (emoção) RESPOSTA EMOCIONAL

13. Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho Estudos do comportamento humano nas organizações – Base Cognitiva Processamento de Informação; Expectativas; Em detrimento das Emoções, Afetos e Sentimentos Tomada de Decisão; Pensamento; Resolução de Problemas. Harwthorme Instituto Tavistock Interdependência entre Emoção e Razão Foco = Eficiência + Eficácia = Efetividade Organizacional Qualidade Humana no Trabalho Justificativa de estudo:Somente no plano da consciência e das interações sociais é que as emoções adquirem significado.

14. Antes EMOÇÕES Agora • Desorganizavam o pensamento e as ações planejadas, • Colocavam em risco a racionalidade organizacional • São adaptações bem projetadas, passiveis de auto e hetero gerenciamento; • Atuam em harmonia com o intelecto; • Indispensáveis ao funcionamento da mente. Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho • Aspectos a serem lembrados: • Dificuldade de pesquisar um fenômeno subjetivo; • Abordagem racional das organizações.

15. Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho Ainda dentro do contexto organizacional: Emoções que perturbam a racionalidade (1) Para Finemam Emoções úteis à racionalidade (2) Emoções e razão entrelaçadas (3) • As pessoas agem com base no que percebem; • Conceito de racionalidade limitada, decisões alternativas com o uso de heurísticas e intuições; • Mito da racionalidade – não existe fronteira entre razão e emoção

16. DOMÍNIO Razão (Plano Objetivo) Emoção (Plano Subjetivo) Foco no Sistema Técnico Psicossocial Foco no Meio/Fim Resultado, Qualidade e Controle Processo, Qualidade e Espontaneidade Foco Intra-Pessoal Papel Profissional, Cognição e Obediência Pessoa, Afeto e Motivação Foco Inter-Pessoal Papel Profissional, Hierarquia, Diretividade e Impessoalidade Interações, Redes, Apoio e Pessoalidade Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho Polaridade entre Razão e Emoção em Organizações

17. Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho Manifestações afetivas no trabalho: Avaliação da orientação dos valores individuais + a percepção de justiça organizacional e percepção de julgamento da retaliação influenciam a atitude de Retaliação Mendonça (2003) AFETIVO Injustiça provocaria ressentimento, sentimento de indignação com a organização CONATIVO Tendência consciente de retaliar, reparar a injustiça percebida Percepção e julgamento da retaliação contribuem para a atitude de retaliação

18. Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho Agressividade no trabalho – Esforço do indivíduo para fazer mal ou causar dano a outra pessoa ou à organização: • Expressão de hostilidade; • Obstrução concretizada; • Agressão aberta. Percepção de justica no trabalho e diversidade da força de trabalho Fatores Sociais Características Pessoais Estados internos de Humor Avaliação Cognitiva Fatores Situacionais Resposta Agressiva Personalidade tipo A – baixa capacidade de gerenciar as próprias emoções, distorções atribuicionais Resposta não Agressiva Introdução de novas tecnologias e ambiente físico de trabalho

19. Personalidade e Inteligência Emocional Crenças, Afetos e Tendência a ação Sentimentos Positivos e Negativos Razão e Emoção nos Contextos de Trabalho Afetividade no contexto de trabalho – Processos subjetivos de estabelecimento de vínculos com pessoas, objetos físicos ou sociais, manifestações de emoções e sentimentos. • Três perspectivas teóricas: • Traços afetivo-emocionais; • Atitudes; • Estados afetivo-emocionais. Traços Afetivo-emocionais Atitudes Estados Afetivo-emocionais • Teoria dos 5 grandes fatores; • Habilidades da Inteligência Emocional. • Satisfação no trabalho; • Envolvimento no trabalho; • Comprometimento organizacional. • Estado de ânimo; • Auto-estima; • Satisfação com a vida.

20. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade • Condições Ambientais – Conjunto de variáveis do ambiente • Físicas; • Temporais; • Situacionais. • Condições de contexto que produzem ou alteram a afetividade: • Eventos estressores; • Líderes, características de grupos; • Ambiente físico; • Sistema de recompensas; • Punições organizacionais Não são excludentes

21. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade Visão anterior à década de 80: Produtividade, desempenho Rotatividade, falhas e absenteísmo Condições de Trabalho Visão Mecanicista • Reorganização do campo de estudo: • Priorizar as influências do ambiente sobre o bem estar do indivíduo/ trabalhador; • Priorizar as influências do ambiente sobre a saúde do indivíduo/ trabalhador – Individual e Social.

22. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade • Reformulação do conceito de bem estar (Ryff e Keys, 1995): • Auto-aceitação – Aspecto central da saúde mental; • Relacionamento positivo com outras pessoas; • Autonomia; • Domínio do ambiente; • Propósito de vida; • Crescimento pessoal. Literatura sobre: Condições de Trabalho X Afetividade do Trabalhador • Emergência de dois temas de muito interesse e estudos: • Estresse ocupacional; • Síndrome de burnout.

23. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade Estresse Ocupacional – Resultante de um complexo conjunto de fenômenos; Reação tencional diante de agentes agressores: intrínsecos ao trabalho, papel na organização, relacionamento no trabalho, carreira, estrutura e clima organizacionais, interface lar-trabalho Síndrome de Burnout – Resposta prolongada a agentes estressores; Exaustão – estresse individual; Cinismo – contexto interpessoal; Ineficácia – dimensão de auto-avaliação. • Causas de Ocorrência: • Características da tarefa; • Categorias ocupacionais; • Características organizacionais.

24. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade Emoções e afetos no trabalho – Como intervir? Raiva Agressividade Retaliação • Relacionadas a: • Percepção de Injustiça e • Conflitos Interpessoais Insegurança – Relacionada a incertezas e transformações Importância da média gerência: interage com os executivos e com os trabalhadores Auto gerenciamento Atuação do Gerente Hetero gerenciamento

25. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade Auto gerenciamento Reavaliação cognitiva da situação geradora de afeto negativo; Aumento do uso de humor, para lidar com condições desfavoráveis; Aumento da resiliência emocional, via treinamento de auto-eficácia Partir da premissa de que existem emoções funcionais e disfuncionais Hetero gerenciamento Identificar fatores desencadeadores: Relativos a: pressão por conformidade, diversidades / desigualdades e mudanças / inseguranças

26. Condições de trabalho e suas repercussões sobre a afetividade Síntese de uma atuação que pode contribuir para o bem estar emocional dos trabalhadores • Identificação de fatores de contexto que colocam este bem estar em risco; • Sensibilização da alta direção sobre transparência em processos de mudança; • Treinamento de gerentes e empregados em auto e hetero gerenciamento emocional e sobre fatores de risco; • Criação de espaços institucionais para canalização de emoções negativas; • Gerenciamento do uso do “trabalho emocional” ou do trabalho que artificializa a manifestação de sentimentos e emoções.

27. Outra vez, os objetivos desta Unidade ... • O aluno deve ser capaz de: • Caracterizar emoção, afeto, sentimento, humor e temperamento e suas inter-relações; • Analisar os aspectos mais significativos das relações entre cognição e emoção e razão e emoção; • Discorrer sobre as 3 principais abordagens da afetividade no trabalho; • Identificar possibilidades de aplicação do conhecimento sobre emoções, na atuação profissional.