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Antiguidade Clássica

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Antiguidade Clássica

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Presentation Transcript


  1. A julgar pelas aparências, pelo seu progresso material visível a olho nu – novas indústrias e casas de comércio, mais ruas asfaltadas, serviços públicos melhores – Antaresé hoje em dia uma comunidade próspera e feliz. Como, porém, nada é perfeito neste mundo, às vezes na calada da noite vultos furtivos andam escrevendo nos seus muros e paredes palavras e frases politicamente subversivas, quando não apenas pornográficas. Os dedicados guardas municipais, sempre alerta, dão-lhes caça dia e noite. Numa destas últimas madrugadas abriram fogo contra um estudante que, com broxa e piche, tinha começado a pintar um palavrão num muro da Rua Voluntários da Pátria. Na calçada, no lugar em que o rapaz caiu, ficou uma larga mancha de sangue enegrecido, na qual a imaginação popular – talvez sugestionada por elementos da esquerda – julgou ver a configuração do Brasil. (É assim que nascem os mitos.) Cedo, na manhã seguinte, empregados da prefeitura vieram limpar a calçada dessa feia mácula, e quando começaram a raspar do muro o palavrão, aos poucos se foi formando diante deles um grupo de curiosos. Aconteceu passar por ali nessa hora um modesto funcionário público que levava para a escola, pela mão, o seu filho de sete anos. O menino parou, olhou para o muro e perguntou : – Que é que está escrito ali, pai? – Nada. Vamos andando, que já estamos atrasados... O pequeno, entretanto, para mostrar aos circunstantes que já sabia ler, olhou para a palavra de piche e começou a soletrá-la em voz muito alta: “Li-ber. ..”. – Cala a boca, bobalhão! – exclamou o pai, quase em pânico. E, puxando com força a mão do filho, levou-o, quase de arrasto, rua abaixo.

  2. Antiguidade Clássica • Cultura greco-romana; • Aristóteles e os gêneros literários; • Épico, Lírico e Dramático; • Narrativo.

  3. Era Medieval Trovadorismo e Humanismo

  4. Teocentrismo Feudo Vertical Fechado Cantigas Lírico e Satírico Antropocentrismo Burgo Horizontal Em abertura Autos Dramático Trovadorismo x Humanismo

  5. Linguagem nas cantigas trovadorescas

  6. Quer’eu em maneira de proença! fazer agora um cantar d’amor e querrei muit’i loar lmia senhor a que prez nem fremosura nom fal, nem bondade; e mais vos direi ém: tanto a fez Deus comprida de bem que mais que todas las do mundo val. Ca mia senhor quizo Deus fazer tal, quando a faz, que a fez sabedord e todo bem e de mui gram valor, e com tod’est[o] é mui comunal ali u deve; er deu-lhi bom sém, e desi nom lhi fez pouco de bem quando nom quis lh’outra foss’igual Ca mia senhor nunca Deus pôs mal, mais pôs i prez e beldad’e loor e falar mui bem, e riir melhor que outra molher; desi é leal muit’, e por esto nom sei oj’eu quem possa compridamente no seu bem falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al. (D. Dinis ) Quero à moda provençal fazer agora um cantar de amor, e quererei muito aí louvar minha senhora a quem honra nem formosura não faltam nem bondade; e mais vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de qualidades que ela mais que todas do mundo. Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo quando a fez, que a fez conhecedora de todo bem e de muito grande valor, e além de tudo isto é muito sociável quando deve; também deu-lhe bom senso, e desde então lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal, mas pôs nela honra e beleza e mérito e capacidade de falar bem, e de rir melhor que outra mulher também é muito leal e por isto não sei hoje quem possa cabalmente falar no seu próprio bem pois não há outro bem, para além do seu.

  7. "Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é?"

  8. Ai, dona fea, fostes-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi pardom, pois avedes [a]tam gram coraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero ja loar toda via; e vedes qual sera a loaçom: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei em meu trobar, pero muito trobei; mais ora ja um bom cantrar farei, em que vos loarei toda via;e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia! (Joan Garcia de Guilhade ) Tradução Ai, dona feia, foste-vos queixar que nunca vos louvo em meu cantar; mas agora quero fazer um cantar em que vos louvares de qualquer modo; e vede como quero vos louvar dona feia, velha e maluca! Dona feia, que Deus me perdoe, pois tendes tão grande desejo de que eu vos louve, por este motivo quero vos louvar já de qualquer modo; e vede qual será a louvação: dona feia, velha e maluca! Dona feia, eu nunca vos louvei em meu trovar, embora tenha trovado muito; mas agora já farei um bom cantar; em que vos louvarei de qualquer modo; e vos direi como vos louvarei: dona feia, velha e maluca!

  9. Marinha, o teu folgar tenho eu por desacertado,e ando maravilhado de te não ver rebentar; pois tapo com esta minhaboca, a tua boca, Marinha; e com este nariz meu, tapo eu, Marinha, o teu;com as mãos tapo as orelhas, os olhos e as sobrancelhas, tapo-te ao primeiro sono; com a minha piça o teu cono;e como o não faz nenhum, com os colhões te tapo o cu. E não rebentas, Marinha? (Afonso Eanes de Coton)

  10. Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:Ninguém: Que andas tu aí buscando?Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:                         delas não posso achar,                          porém ando porfiandopor quão bom é porfiar.Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo                         e meu tempo todo inteiro                         sempre é buscar dinheiro                         e sempre nisto me fundo.Ninguém: Eu hei nome Ninguém,               e busco a consciência.Belzebu: Esta é boa experiência:             Dinato, escreve isto bem.Dinato: Que escreverei, companheiro?Belzebu: Que Ninguém busca consciência.              e Todo o Mundo dinheiro.

  11. Era Clássica Classicismo

  12. Amor é fogo que arde sem se ver,é ferida que dói, e não se sente;é um contentamento descontente,é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente;é nunca contentar-se de contente;é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favornos corações humanos amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?

  13. Pessimismo (dúvida ou incerteza): “Tu és pó, e ao pó voltarás.” (Gênesis 3,19) A morte é preocupação constante (idem Idade Média e Romantismo),incerteza da vida, medo e com dúvidas. Religiosidade: conflitos espirituais, conflituosa e tensa. A crença no papel vigoroso da Igreja Católica Contra-Reformista. Visão do homem, como grande pecador. O homem barroco racionalizou a fé, fazendo valer alguns argumentos em busca da salvação. Uso de metáforas bíblicas em busca do perdão divino os dogmas religiosos, através da lógica. BarrocoCaracterísticas

  14. Particularismo: é diferente da Arte Clássica (que é universal em suas projeções e uniforme em seus traços).Ele somente valoriza o que é nacional. Por isso no Barroco existem duas linhas: A) catolicismo contra-reformista reflete na Inquisição terror religioso e Político. B) triunfo do protestantismo reformista. Emergência da burguesia capitalista articulada e forte, como aconteceu na Inglaterra e na Holanda. Feísmo: O equilíbrio clássico foi rompido, ao mesmo tempo se opondo à simetria, harmonia, elegância dos clássicos. O barroco tem preferência pelos aspectos sangrentos, dolorosos e cruéis, uma atração pelo belo horrendo, pelo espetáculo clássico, acabando com as imagens por causa do exagero.

  15. Fusionismo: expõe os contrários, querendo incluí-los em analogias sensoriais, de imagens, de metáforas, que mostram a unidade, a identidade, se valendo do jogo do jogo de oposições e contrastes. Atitude Lúdica: Muitos textos parecem pobres, sem conteúdo ou mensagem. Mais preocupado em exibir o que sabia, com uma linguagem sobrecarregada de trocadilhos e sutilezas e imagens insólitas. Não diz o que deve ser dito, somente sugere, através de imagens. Ex: Sangue é o “rubi do corpo”; Lágrima é o “cristal dos olhos”.

  16. Cultismo ou Gongorismo: caracterizado pelo jogo de ideias e imagens, de maneira exagerada. Apoiado em metáforas, pronomes, trocadilhos, palavras, sinestesias, prosopopeia entre outros como omissões, repetições, sonoridade. Conceptismo ou Quevedismo: Mais voltado para o jogo de ideias e argumentação. Convence pelo pensamento. Pesquisa sobre a origem dos objetos, busca entender a fase oculta de todas as coisas que só podem ser visíveis pelo pensamento. Opera os mecanismos da lógica. Atenção: Em um texto Barroco podem-se encontrar elementos Cultistas e Conceptistas.

  17. PEQUEI, SENHOR... Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, de vossa alta clemência me despido; porque quanto mais tenho delinqüido, vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto um pecado, a abrandar-vos sobeja um só gemido: que a mesma culpa, que vos há ofendido, vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada, glória tal e prazer tão repentino vos deu, como afirmais na sacra história, eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, cobrai-a; e não queirais, pastor divino, perder na vossa ovelha a vossa glória.

  18. De dois ff se compõe esta cidade a meu ver: um furtar, outro foder. Recopilou-se o direito, e quem o recopilou com dous ff o explicou por estar feito, e bem feito: por bem digesto, e colheito só com dous ff o expõe, e assim quem os olhos põe no trato, que aqui se encerra, há de dizer que esta terra de dous ff se compõe. Se de dous ff composta está a nossa Bahia, errada a ortografia, a grande dano está posta: eu quero fazer aposta e quero um tostão perder, que isso a há de perverter, se o furtar e o foder bem não são os ff que tem esta cidade ao meu ver. Define a Sua Cidade

  19. O amor é finalmente O amor é finalmenteum embaraço de pernas,uma união de barrigas,um breve tremor de artériasUma confusão de bocas,uma batalha de veias,um reboliço de ancas,quem diz outra coisa é besta.

  20. A outra freira, que, satirizando a delgada fisionomia do poeta, lhe chamou picaflor.  Se Pica-flor me chamais, Pica-flor aceito ser, mas resta agora saber, se no nome, que me dais, meteis a flor, que guardais no passarinho melhor! se me dais este favor, sendo só de mim o Pica, e o mais vosso, claro fica, que fico então Pica-flor.

  21. ARCADISMO-Neoclassicismo-

  22. 1) Arcadismo Deriva de Arcádia, região da Grécia onde pastores e poetas, chefiados pelo deus Pã, dedicavam-se à poesia e ao pastoreiro, vivendo em harmonia perfeita com a natureza. No século XVIII o termo Arcádia passou a designar também as academias literárias que foram criadas na Europa.2) Neoclassicismo Nome que deriva do fato de os escritores da época imitarem os clássicos, quer voltando-se para a Antiguidade greco-romana, quer imitando os escritores do Renascimento.

  23. Europa, século XVIII – Mudanças • Intenso progresso científico • Isaac Newton: Formulação da lei da gravidade • Filosofia: empirismo como método de aquisição do conhecimento • Biologia: classificação dos seres vivos • Tecnologia: conduz ao aumento da produção • Negócios e ciência são campos separados da religião • Enciclopédia: publicada na França, a partir de 1751, coordenada pelos filósofos D'Alembert, Diderot e Voltaire

  24. Simplicidade e equilíbrio da poesia clássica • Pastoralismo: o homem é puro e feliz quando integrado na natureza. • Bucolismo: gosto pela vida dos pastores, campos e atividades pastoris • Poesia verdadeira: se referencia à natureza. Aparece com frequência idealizada e deslocada. • Nativismo: exploração de paisagens e atividades brasileiras. Ex: Gonzaga, Basílio e Durão.

  25. Uso de lemas latinos

  26. Basílio da Gama – O Uraguai (trecho: A morte de Lindóia) Nos olhos Caitutu não sofre o pranto, E rompe em profundíssimos suspiros, Lendo na testa da fronteira gruta De sua mão já trêmula gravado O alheio crime e a voluntária morte, E por todas as partes repetido O suspirado nome de Cacambo. Inda conserva o pálido semblante Um não sei quê de magoado, e triste, Que os corações mais furos enternece. Tanto era bela no seu rosto a morte !”

  27. Frei José de Santa Rita Durão Fragmentos de “Caramuru” - Canto VI

  28. XL Tão dura ingratidão menos sentira, E esse fado cruel doce me fora, Se a meu despeito triunfar não vira Essa indigna, essa infame, essa traidora! Por serva, por escrava, te seguira, Se não temera de chamar senhora A vil Paraguassu, que, sem que o creia, Sobre ser-me inferior é néscia e feia.

  29. XLI Enfim, tens coração de ver-me aflita, Flutuar moribunda entre estas ondas; Nem o passado amor teu peito incita A um ai somente com que aos meus respondas! Bárbaro, se esta fé teu peito irrita, (Disse, vendo-o fugir), ah! não te escondas Dispara sobre mim teu cruel raio... E indo a dizer o mais, cai num desmaio.

  30. XLIII Perde o lume dos olhos, pasma e trema, Pálida a cor, o aspecto moribundo, Com mão já sem vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo. Mas na onda do mar, que irado freme, Tornando a aparecer desde o profundo: 'Ah! Diogo cruel!' disse com mágoa, E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.

  31. Romantismo Era Romântica ou Moderna

  32. Características do Romantismo: 1) Individualismo e o subjetivismo: em oposição ao objetivismo dos clássicos, o que faz com que os românticos vejam o mundo unicamente por meio de seu mundo interior. A 1ª pessoa (eu) é constante na poesia romântica.

  33. 2) O nacionalismo: ao qual se relacionam: a) o culto a da idade média pelos europeus, na qual se encontravam elementos formadores da nacionalidade de cada povo: os heróis das cruzadas, as damas, os monges, as lendas, as crenças e tradições. b) O indianismo: que no Brasil, devido à ausência de um passado medieval, foi um dos elementos da sustentação do sentimento nacionalista, acentuado com a proximidade com a Independência.

  34. 3) O culto da natureza: que se supervalorizava, não só constitui um refúgio não contaminado pela sociedade, como também é uma forma de exaltação da terra brasileira. Ao contrário do Arcadismo, em que a natureza é apenas decorativa, para os românticos ela é fonte de inspiração e está intimamente vinculada aos sentimentos do poeta.

  35. 4) Evasão ou escapismo: resultante do conflito do eu com a realidade, o que leva o romântico a evadir-se na aspiração de um outro mundo- situado no tempo e no espaço ( paisagens novas, primitivas ou exóticas) -, onde ele não encontre as dificuldades da realidade a que está vinculado. Resultam daí: o saudosismo(da infância, do passado, da pátria, dos entes queridos); o sonho (que permite a criação de um mundo pessoal e idealizado); a consciência da solidão (resultante de uma inadaptação ao mundo e da crença de que é um incompreendido); o exagero, isto é, apelo aos extremos e excesso de figuras de linguagem. O exagero, somado à instabilidade e à ânsia de evasão, provocou o chamado mal-do-século, expressão que caracterizava o estado de espírito de vários românticos que se entregavam a uma excessiva melancolia e solidão e a um grande pessimismo que conduziu à exaltação da morte. O sobrenatural, o mórbido, a noite e o mistério da existência estão presentes nos textos dos poetas da geração do mal-do-século.

  36. 5) A idealização da mulher e do amor: somando espiritualismo e temperamento sonhador, o poeta romântico reveste a mulher de uma aura angelical, retratando-a como figura poderosa e inacessível. Porém, apesar do espiritualismo, a poesia romântica reflete muitas vezes o sensualismo bem material na descrição feminina.

  37. Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite - Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Gonçalves Dias - Canção do Exílio

  38. Eu moro em Catumbi. Mas a desgraçaQue rege minha vida malfadada,Pôs lá no fim da rua do CateteA minha Dulcinéia namorada.Alugo (três mil-réis) por uma tardeUm cavalo de trote (que esparrela!)Só para erguer meus olhos suspirandoÀ minha namorada na janela... Todo o meu ordenado vai-se em floresE em lindas folhas de papel bordado,Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,Algum verso bonito... mas furtado... Morro pela menina, junto delaNem ouso suspirar de acanhamento...Se ela quisesse eu acabava a históriaComo toda a Comédia - em casamento... Ontem tinha chovido... Que desgraça!Eu ia a trote inglês ardendo em chama,Mas lá vai senão quando uma carroçaMinhas roupas tafues encheu de lama... Eu não desanimei! Se Dom QuixoteNo Rossinante erguendo a larga espadaNunca voltou de medo, eu, mais valente,Fui mesmo sujo ver a namorada... Mas eis que no passar pelo sobrado,Onde habita nas lojas minha bela,Por ver-me tão lodoso ela irritadaBateu-me sobre as ventas a janela... O cavalo ignorante de namorosEntre dentes, tomou a bofetada,Arrepia-se, pula, e dá-me um tomboCom pernas para o ar, sobre a calçada... Dei ao diabo os namoros. EscovadoMeu chapéu que sofrera no pagode,Dei de pernas corrido e cabisbaixoE berrando de raiva como um bode. Circunstância agravante. A calça inglesaRasgou-se no cair, de meio a meio,O sangue pelas ventas me corriaEm paga do amoroso devaneio!... Álvares de Azevedo - Namoro a Cavalo

  39. Adeus, meus sonhos! Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo da existência uma saudade! E tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha triste mocidade! Misérrimo! Votei meus pobres dias À sina doida de um amor sem fruto, E minh'alma na treva agora dorme Como um olhar que a morte envolve em luto. Que me resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cândidos amores, Já que não vejo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores!

  40. Oh ! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras, À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é - lago sereno, O céu - um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida - um hino d'amor! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d'estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar! Oh ! dias da minha infância! Oh ! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã! Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberta o peito, - Pés descalços, braços nus - Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis! Casimiro de Abreu - Meus oito anos Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo E despertava a cantar! Oh ! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras, À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!

  41. Eras na vida a pomba predileta Que sobre um mar de angústias conduzia O ramo da esperança. — Eras a estrela Que entre as névoas do inverno cintilava Apontando o caminho ao pegureiro. Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria, O porvir de teu pai! — Ah! no entanto, Pomba, — varou-te a flecha do destino! Astro, — engoliu-te o temporal do norte! Teto, caíste! — Crença, já não vives! Correi, correi, oh! lágrimas saudosas, Legado acerbo da ventura extinta, Dúbios archotes que a tremer clareiam A lousa fria de um sonhar que é morto! Correi! Um dia vos verei mais belas Que os diamantes de Ofir e de Golgonda Fulgurar na coroa de martírios Que me circunda a fronte cismadora! São mortos para mim da noite os fachos, Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas, E à vossa luz caminharei nos ermos! Fagundes VarelaCântico do Calvário

  42. A vez primeira que eu fitei Teresa,Como as plantas que arrasta a correnteza,A valsa nos levou nos giros seusE amamos juntos E depois na sala"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a falaE ela, corando, murmurou-me: "adeus." Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .E da alcova saía um cavaleiroInda beijando uma mulher sem véusEra eu Era a pálida Teresa!"Adeus" lhe disse conservando-a presaE ela entre beijos murmurou-me: "adeus!" Passaram tempos sec'los de delírioPrazeres divinais gozos do Empíreo... Mas um dia volvi aos lares meus.Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!..."Ela, chorando mais que uma criança,Ela em soluços murmurou-me: "adeus!" Quando voltei era o palácio em festa!E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestraPreenchiam de amor o azul dos céus.Entrei! Ela me olhou branca surpresa!Foi a última vez que eu vi Teresa!E ela arquejando murmurou-me: "adeus!" O "adeus" de Teresa

  43. O Navio Negreiro (Tragédia no mar) • 'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta. 'Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro... 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

  44.   Que importa do nauta o berço, Donde é filho, qual seu lar? Ama a cadência do verso Que lhe ensina o velho mar! Cantai! que a morte é divina! Resvala o brigue à bolina Como golfinho veloz. Presa ao mastro da mezena Saudosa bandeira acena As vagas que deixa após. Do Espanhol as cantilenas Requebradas de langor, Lembram as moças morenas, As andaluzas em flor! Da Itália o filho indolente Canta Veneza dormente, — Terra de amor e traição, Ou do golfo no regaço Relembra os versos de Tasso, Junto às lavas do vulcão! O Inglês — marinheiro frio, Que ao nascer no mar se achou, (Porque a Inglaterra é um navio, Que Deus na Mancha ancorou), Rijo entoa pátrias glórias, Lembrando, orgulhoso, histórias De Nelson e de Aboukir.. . O Francês — predestinado — Canta os louros do passado E os loureiros do porvir! Os marinheiros Helenos, Que a vaga jônia criou, Belos piratas morenos Do mar que Ulisses cortou, Homens que Fídias talhara, Vão cantando em noite clara Versos que Homero gemeu... Nautas de todas as plagas, Vós sabeis achar nas vagas As melodias do céu!... II

  45. III Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano Como o teu mergulhar no brigue voador! Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

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