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Paleoambiente da Formação Prosperança , embasamento neoproterozóico da Bacia do Amazonas

Paleoambiente da Formação Prosperança , embasamento neoproterozóico da Bacia do Amazonas Roberto Cesar de Mendonça Barbosa & Afonso César Rodrigues Nogueira Revista Brasileira de Geociências março de 2011. Introdução. Depósitos Siliciclásticos da Formação Prosperança .

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Paleoambiente da Formação Prosperança , embasamento neoproterozóico da Bacia do Amazonas

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  1. Paleoambiente da Formação Prosperança, embasamento neoproterozóico da Bacia do Amazonas Roberto Cesar de Mendonça Barbosa & Afonso César Rodrigues Nogueira Revista Brasileira de Geociências março de 2011

  2. Introdução • Depósitos Siliciclásticos da Formação Prosperança. • Idade pré-cambriana. • Ocorrem no sul do escudo das Guianas. • Constituem parte do embasamento das bacias Paleozóicas da Amazônia Ocidental.

  3. Problemática: • Distinção entre a Formação Prosperança e os depósitos do Paleozóico Inferior . Tanto em superfície quanto em subsuperfície, principalmente quando estão em contato. • Natureza siliciclástica grossa, ausência de fósseis na Formação Prosperança . • Estudos Anteriores: • (Castro et al. 1988), informações de cunho exclusivamente litológicas. Sem interpretações precisas sobre as fácies sedimentares e os sistemas deposicionais. • (cf. Walker 1990, 1992), realizou estudos em afloramentos do baixo rio negro que permitiu identificar um sistema flúviodeltaico desenvolvido no sul do Escudo das Guianas • durante o Neoproterozóico .

  4. Contexto Geológico -Rochas da Formação Prosperança afloram nas proximidades da região do Gráben Invertido do Purus (GIP). [oeste da cidade de Manaus, feição estrutural orientado na direção NW-SE. Fm coberta pelotcalcário do Acari, embasamento da bacia do amazonas]. -Bacias do Amazonas e Solimões. [São separadas pelo GIB].

  5. -Formação Prosperança afloram nas proximidades da região do Gráben Invertido do Purus (GIP). [oeste da cidade de Manaus, feição estrutural orientado na direção NW-SE. Fm coberta pelo calcário do Acari, embasamento da bacia do amazonas]. • -GIB separa as bacias do Amazonas e do Solimões [Durante fanerozóico controlou a migração dos sistemas deposicionais da bacia do Amazonas e do Solimões, tal qual incursões marítimas].

  6. -Formação Prosperança sobrepõe-se ás províncias Ventuari-Tapajós e Rio Negro-Juruena. [camadas chegam as mais de 1000 m de espessura, sotopostas em discordância erosiva por rochas da Formação do Acarí e da Formação Nhamundá.] Local estudado

  7. -Há dificuldades para datação da Fm. Prosperança. [Além da ausência de fósseis, a falta de estudos estratigráficos detalhados não permite avançar a discussão sobre a idade considerada como Proterozóica] -datação de grãos de zircão detrítico -> 1.02 ± 7Ga -datação de diques de diabásio ->entre 1.10 e 1.40Ga [sugere idades mais antigas]

  8. -As correlações com outras camadas Pré-Cambrianas sugere idade mais jovem. [Prosperança não é correlata ao Supergrupo Roraima (Paleoproterozóico) e nem Formação Urupi (Mesoproterozóico), o que indica um provável trend de subsidência para o sul do Escudo das Guianas (neoproterozoico???)]

  9. Associação de fácies 1(AF1) –prodelta

  10. Figura 5 - Aspectos gerais da associação de fácies de prodelta. A) Corpos tabulares da fácies Plsotopostospor depósitos de frente deltaica, representada pela fácies Ap (NR- nível do rio). B) Camadastabulares da fácies Pac que por vezes destacam os lobos sigmóides da associação de fácies de frentedeltaica (fácies Ap e Asg). Martelo geológico destacado por elipse. C e D) Detalhes da fácies Pac.Note que as lentes de arenito apresentam espessuras de até 4cm (a- arenito com laminação cruzada e p- pelito). E) Esboço e relação espacial entre fácies de prodelta (Pac) e de frente deltaica (Ao e Ap).Observe que o contato entre as fácies Ao e Pac apresenta truncamentos de baixo ângulo e freqüente laminação cruzada cavalgante subcrítica no toe set da fácies Ao.

  11. Associação de fácies 2 (AF2) – frente deltaica • arenito com estratificação cruzada sigmoidal(Asg), arenito com estratificação planar (Ap), arenito com acamamento ondulado (Ao) e arenito com estratificação quasi-planar (Aq). • Pontos 3, 4, 5 e 7 do mapa (chegam a atingir 5m de espessura). • geometria de lobo sigmoidal amalgamados = condizentes com a deposição de areias relacionadas com barras de desembocadura proximais em uma bacia com baixa inclinação e lâmina d’água rasa (Postma 1990). • geometria sigmóide = desaceleração do influxo sedimentar sobre uma bacia de baixa energia.

  12. Associação de fácies 2 (AF2) – frente deltaica • migração de barra arenosa para SW-SE . • processo de tração dominava a região ativa enquanto a suspensão atuava na área periférica do lobo. • A influência fluvial é dominante e não existe indicação da ação de maré associado às barras de desembocadura . • Elevado influxo sedimentar (fornecido pelo fluvial) desaguava em uma bacia receptora dominada por processos de suspensão e lâmina d’água rasa que localmente eram retrabalhados por fluxo oscilatório.

  13. Colunas estratigráficas dos pontos ondem ocorrem associações de fácies de frente deltaica, em destaque nos retângulos vermelhos. Modificado do presente artigo.

  14. A e B) Lobos amalgamados com estruturação interna dominada pela fáciesAsg. A geometria dos lobos sigmoidais passam lateralmente para planares/lenticulares com as fácies Ap e Ao. C) Falha de crescimento (seta vazada). As camadas tornam-se menos deformadas em direção a parte superior da falha. Setas fechadas indicam a dinâmica da deformação. D) Convolução da fácies Asg (cunha). E) Estruturação interna (fácies Aqe Ao) do lobo sigmoidal. F) Lobo com geometria côncava. Setas indicam a base côncava. G) Relação espacial das fácies Asg e Aq nos lobos arenosos. H) Estrato sigmoidal com padrão de paleocorrenteopostoapredominante nestes depósitos (para SE).

  15. E) Esboço e relação espacial entre fácies de prodelta (Pac) e de frente deltaica (Ao e Ap). Diagrama de roseta com os padrões de paleocorrentes das associações de fácies de frente deltaica. Intervalo de 30°

  16. Associação de fácies 3 (AF3) – foreshore / shoreface • É composta pelas fácies arenito com estratificação cruzada tangencial (Atg), arenito com estratificação cruzada swaley (As), arenito com acamamento ondulado (Ao), arenito com laminação cruzada de baixo ângulo (Ab), arenito com estratificação planar (Ap), ritmito arenito/pelito(Rap) e pelito com feições pedogenéticas (Pp) • Fácies As: predomínio de bases côncavas erosivas e assimétricas que lateralmente tendem para acamamento planar • Fácies Pp: configura topo e base de ciclos coarseningupward. São pelitosarenosos . O topo apresenta contato erosivo com depósitos fluviais paleozóicos da AF5 (descritos posteriormente). • A fácies Rap e muddrapes nos foresets da fácies Atgsugerem atuação de correntes trativasalternadas com processos de suspensão. Valores de paleocorrentes obtidos nesta fácies, com direção predominante para SE.

  17. O acamamento maciço e restritas convoluções relacionados à fácies Atg são produtos de liquefação esporádica em areias inconsolidadas. • Arenitos gerados sob regime de fluxo superior (fácies Ap), associados com arenitos produzidos sob condições de fluxo oscilatório (fácies Ao e Ab) e combinado (fácies As), condizem com áreas aplainadas, com lâmina d’água pouco espessa, sujeitas a ação de ondas de tempo bom e de tempestade, compatíveis com depósitos de face litorânea • A continuidade lateral das camadas da fácies Ppindica um ambiente de baixa energia, dominado por processo de suspensão, compatível com laguna

  18. Diagrama de roseta com os padrões de paleocorrentes da associações de fácies foreshore/shoreface.

  19. Depósitos de foreshore/shoreface nas margens do rio Negro. A) Relação espacial entre as fácies Atg e Ao. Setas indicam superfícies de reativação. B) Detalhe das fácies Atg e Ao, estas sobrepostas à fácies Rap. O relevo negativo nos foresets da fácies Atg indica a retirada de muddrapes (setas). C) Aspecto geral e esboço de camadas tabulares com a fácies Ab. D) Laminações planares da fácies Ap. Martelo geológico destacado por elipse.

  20. Áreas de deposição fluvial atuais

  21. Padrão Entrelaçado (Braided) • A associação de fácies F4 é composta pelas fácies arenito: • -com estratificação cruzada acanalada (Aa), arenito • -com estratificação cruzada tabular (At) e arenito com • -estratificação planar (Ap), organizadas em ciclos de escala métrica com leve tendência fining-upward. • A granulometria geralmente grossa das fácies da AF4 em conjunto com a ausência de depósitos de inundação, abundante carga de fundo e predominância de paleocorrentes unidirecionais (SE) indicam o padrão fluvial tipo braided.

  22. Associação de fácies 5 (AF5) É constituída de arenitos médios a grossos, apresentando as seguintes fácies: Conglomerado com estratificação cruzada (Cc); Arenito com estratificação cruzada acanalada (Aa); Arenito com estratificação cruzada tabular (At) e Arenito com estratificação planar (Ap). A fácies Cc é sobreposta por arenitos médios a grossos internamente estruturados pelas fácies Aa, At e Ap. Finningupward. Medidas de paleocorrentes nas fácies Aa e At: sentido para NW.

  23. Fácies Cc: tração sob fluxo unidirecional e regime de fluxo superior; Fácies Aa e At: migração de formas de leito sob fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior e Fácies Ap: migração de lençóis arenosos sob regime de fluxo superior. Geometrias e estruturas da AF5 semelhantes às da AF4 planície braided. Mesma interpretação paleoambiental Diferenças: a AF5 possui paleocorrente oposta e base limitada por uma superfície de discordância. Planície braided proximal

  24. Reconstituição PaleoambientalAnálise faciológica e estratigráfica realizada na região do baixo rio Negro. • Foram identificadas cinco associações de facies na margem sul do Escudo das Guianas. • sistemas flúvio-deltaico/costeiro (Formação Prosperança) e fluvial entrelaçado (Grupo Trombetas). • As paleocorrentes indicavam que o sistema flúvio-deltaico/costeiro progradoupara SE e o sistema fluvial entrelaçado paleozóico migrava para NW , mas a reconstrução considerou a rotação do bloco Amazônico. (Tohveret al. 2006).

  25. Figura 13 - Paleogeografia do Neoproterozóico com a disposição dos principais blocos continentais. A sucessão analisada pertence ao bloco Amazônico (AM) que estava rotacionado (±180°) e situado próximo a zona subpolar sul (Tohveret al. 2006).

  26. A Formação Prosperança foi depositada em estruturas tipo gráben (Pré-Cambriano) orientadas segundo NW-SE. • Formando um sistema deltaico: planície distal (AF4) , frente deltaica (AF2), prodelta (AF1), planície costeira (AF3). Sistemas deltaicos são progradantes e migram para um corpo de água em repouso. • O sistema fluvial fornecia sedimentos para as barras de desembocadura (processo construtivo), lateralmente e , depósitos abandonados do delta e mesmo fluviais eram retrabalhados na linha de costa( processo destrutivo).

  27. Sistema deltaico raso alimentado por sistema fluvial entrelaçado. • Lobos deltaicos levemente inclinados, pouco espessos, com granulometria areia fina a média e depósitos de shoreface influenciados por fluxo oscilatório. • Devido ao baixo gradiente da bacia, esses tipos de deltas registram variações na dinâmica sedimentar na forma de inconformidades. • Processos alocíclicos (p.e. eustasia, avulsão e clima) influenciaram uma parada na sedimentação deltaica, exposição subaérea, seguida por condições alitizantese formação de paleossolo.

  28. O paleossolo: • Foi produzido em condições tropicais e úmidas( oxissolo). (SoilSurvey Staff 1975). • Esta sobre depósitos pelíticos-arenosos, produtos de decantação ou de rochas psamíticas, o que indica um intervalo na deposição. • É um importante marcador estratigráfico na distinção entre unidades e na correlação (Charcosset et al. 2000, Retallack 2001, Ruskin & Jordan 2007, Chakraborty & Paul 2008).

  29. Neoproterozóico–Cambriano: os depósitos da Fm. Prosperança foram expostos. • Ordoviciano: foram recobertos, erosivamente pelo Grupo Trombetas, depósitos fluviais que migravam no sentido oposto. • O limite da Fm. Prosperança e o Grupo Trombetas é marcado pela superfície (S),de caráter erosivo; discordâncias na borda da bacia, com evidências de erosão ou truncamentos de estratos e; hiatos não deposicionais (DellaFávera 2001, Ribeiro2001).

  30. Três fases da reconstituição paleoambiental: • Neoproterozóico: Instalação de um sistema deltaico dominado por fluxos fluviais entrelaçados, marés e ondas que migrava para NW a partir da borda sul do Escudo das Guianas. • Paleozóico:Inversão da Bacia Prosperança formando o Arco de Purus, exposição e erosão dos depósitos. • Eopaleozóico: Soerguimento e inicio da formação da Bacia do Amazonas. Em seguida progradação do sistema fluvial entrelaçado do Grupo Trombetas para SE.

  31. Conclusões 1. Foi possível reconhecer cinco associações de fácies integradas em um sistema flúvio-deltaico neoproterozóico e fluvial eopaleozóico. A ambiência flúvio-deltaica em depósitos da Formação Prosperançareforça a natureza costeira proposta por Nogueira & Soares (1996) e auxilia na melhor compreensão da evolução sedimentar na margem sul do Escudo das Guianas.

  32. 2. O sistema flúvio-deltaico era alimentado por canais fluviais braided que migrava para NW e tinham como área-fonte rochas do Escudo das Guianas à SE. Os sedimentos trazidos por esse sistema fluvial eram depositados em uma bacia sem talude e com lâmina d’água rasa na forma de barras de desembocadura. Ao longo da linha de costa, em regiões abandonadas do delta e em planícies costeiras adjacentes, os sedimentos eram localmente retrabalhados pela ação de maré, onda de tempo bom e de tempestade.

  33. A formação de oxissolo em depósitos da Formação Prosperança manifesta-se como o primeiroregistro pré-cambriano de condições tropicais úmidas no Cráton Amazônico. • A inversão da Bacia Prosperança propiciou a formação do Arco de Purus e formação do rift percursor da Bacia do Amazonas. Posteriormente o Arco de Purus foi parcialmente erodido pelo sistema fluvial do Grupo Trombetas que migrava para SE e resultou na formação de um limite de seqüência.

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