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Jeitinho Brasileiro. TM 175 – Ética Diego Cesar Patczyk Mauro Andrey de Paula Xavier Rafael Adriano K. Sanches. DEFINIÇÃO.
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Jeitinho Brasileiro TM 175 – Ética Diego Cesar Patczyk Mauro Andrey de Paula Xavier Rafael Adriano K. Sanches
DEFINIÇÃO "O jeito, ou o jeitinho brasileiro, é a imposição do conveniente sobre o certo". É a "filosofia" do: se dá certo é certo; desde, é claro, que "dar certo" signifique "resolver meu problema", ainda que não definitivamente.
DEFINIÇÃO • Assim é o brasileiro: dá jeito em tudo. Sua versatilidade abrange um sem-número de situações: • é o pára-lama do carro amarrado, em vez de soldar; • são os juros embutidos no valor da prestação "fixa"; • é o "dar um por fora"; • é matar a avó pela quinta vez para justificar a ausência a uma prova. • Mas o jeitinho é também: • pedir a um médico amigo para atender uma pessoa carente ou para fazer uma cirurgia pela Previdência; • o revezamento dos vizinhos para socorrer uma pessoa doente; • conseguir um emprego para um pai desempregado.
Lado Negativo • Descaso das Autoridades Governamentais (estradas sem sinalização, saúde pública precária, falta de segurança, fiscalização, burocracia, etc); • Transgressão das Normas (“Não compensa ser honesto com o governo”); • Corrupção (“molhar a mão”); • Impunidade (criminalidade, falta do exercício da lei);
Lado Positivo • A inventividade e a criatividade são algumas das facetas mais relevantes do lado positivo do jeito; • Flexibilidade e capacidade de adaptação às situações mais inesperadas; • Ex.: “Arranjar uma profissão alternativa" para manter a si próprio e à família • O jeito é também conciliador, permitindo que se crie uma solução favorável para uma situação a princípio impossível. • Ex.: Um operário que "cobre" o outro em seu turno enquanto aquele participa de um curso no supletivo, para ganhar o tempo perdido.
A importância dos limites • O Jeitinho não é necessariamente ruim; • Deve haver limites para o Jeitinho; • Este limite pode ser uma barreira entre Vícios X Virtudes; • Princípios éticos devem definir estes limites.
O jeitinho brasileiro que não deu certo Um avião da Transbrasil veio do Nordeste para o Rio. Os funcionários do setor de desembarque de cargas, perceberam que um cachorrinho chegou morto. Desesperados, atrasaram o desembarque da bagagem dando uma desculpa qualquer, como é de costume. Eles concluíram que o comandante se esqueceu de aquecer o porão de cargas, daí a morte do cachorro. Procuraram um canil próximo e acharam um cachorro idêntico. Liberaram as bagagens, e entregaram o cachorro para a dona. A madame disse que aquele não era seu cachorro. Os funcionários insistiam o contrário.
O jeitinho brasileiro que não deu certo Por fim, um funcionário disse que se ela não estivesse reconhecendo o cachorrinho, era por causa da pressurização que afeta as pessoas. A dona respondeu: - Ó Xente!!! Esta pressurização deve ser boa mesmo, pois meu cão embarcou morto no Nordeste para ser enterrado aqui no Rio.
Caso para discussão Um estudante que passara 1 ano em intercâmbio na França estava para retornar ao Brasil. Ele remarcou sua passagem de volta, que fora comprada no Brasil antes mesmo de ir à França, para uma data propícia. Acontece que, na data do embarque o estudante acordou atrasado e atordoado devido à despedida que fizera na véspera. O estudante deveria pegar um vôo para Amsterdã, onde faria a conexão para São Paulo, partindo de Paris às 7h 30 da manhã, no entanto às 7h 10 ele acabara de chegar ao aeroporto. Quando chegou à fila de check-in, quis explicar a situação para um funcionário, e este pediu-lhe que aguardasse na fila de check-in. Impaciente, o estudante decide passar para a entrada preferencial, onde um gerente veio recebê-lo.
Caso para discussão Depois de ouvir a situação e sabendo do risco de o estudante perder o vôo de volta ao Brasil, o gerente prestativamente foi verificar a situação da reserva no sistema, e apesar de alguns problemas, garantiu uma vaga ao estudante no vôo seguinte para Amsterdã, das 8h 30, já que não seria possível pegar o vôo das 7h 30, e pediu ao estudante que fosse rapidamente ao balcão da empresa aérea para regularizar a situação do bilhete. O estudante correu ao balcão, onde teve que aguardar sua vez de ser atendido e quando atendido, teve de esperar que a atendente localizasse seu bilhete, entrando em contato por telefone com a central da companhia, e finalmente, após pagar uma taxa que faltava, liberou seu bilhete de embarque.
Caso para discussão Tão rápido como pôde, o estudante correu de volta ao check-in, onde encontrou uma enorme fila. Sem pensar duas vezes ele entrou na faixa especial e foi direto a um dos balcões, onde encontrou um funcionário que não estava lá no momento anterior. Este funcionário começou a questioná-lo sobre o direito de ter usado a entrada especial, e mesmo ouvindo a explicação, o funcionário permaneceu inflexível, inclusive perguntando a opinião de um colega. Finalmente o gerente retornou ao local e ordenou ao funcionário que atendesse o estudante. O funcionário então atendeu-o, mas reclamando, não é assim que as coisas funcionam, tem outras pessoas na fila que têm o direito de ser atendidas. Finalmente, graças à prestatividade e flexibilidade di gerente da companhia aérea, o estudante conseguiu chegar a Amsterdã em tempo de pegar sua conexão para São Paulo.
Caso para discussão - Comentários Pontos a serem analisados: • Imprudência do Estudante; • Inflexibilidade dos Funcionários X Virtude da Justiça; • Flexibilidade do Gerente; (Virtude: o gerente compreendeu a situação do estudante e esforçou-se para ajudá-lo) • Conflito de Culturas (O jeitinho brasileiro x a pontualidade e as regras francesas)
Caso para discussão - Comentários • Virtude da justiça: sua essência é a igualdade, no caso, respeitar o horário do vôo, respeitar a fila; • Virtude da força: ter força de vontade e esperar a nossa vez na fila; • Virtude da temperança: o estudante fez festa e exagerou na bebida perdendo o controle, não conseguindo acordar na hora.
Caso para discussão - Comentários Provavelmente devido a flexibilidade peculiar na cultura brasileira quanto ao cumprimento de horário, não está introjetado ao estudante em questão a responsabilidade para cumprir horários. Certamente quem age assim acredita que as outras pessoas deveriam de entendê-lo, assim quando infringe o direito alheio, isto não lhe desperta culpa (Vício). O funcionário que tentava colocar o limite, tinha razão, pois os motivos apresentados pelo estudante não justificam o privilégio solicitado. Afinal ele se excedeu porque quis (virtude da temperança), não levantou mais cedo porque não se programou, como os outros que já estavam na fila. Não se pode afirmar que as outras pessoas que estavam na fila também não teriam problemas que as dificultaria de chegar no horário, no entanto, cumpriram com sua obrigação.
Caso para discussão - Comentários Poder-se-ia dizer que o gerente não foi virtuoso nem tampouco ético em relação a todas as pessoas que estavam na fila, ferindo assim a virtude da justiça. No entanto, o gerente ponderou que, as pessoas que estavam na fila certamente teriam tempo para pegarem seus respectivos vôos, e ele mesmo garantiria isto. O estudante, no entanto, poderia perder sua passagem de vôo intercontinental caso não embarcasse no próximo vôo. Pode-se dizer então que o gerente foi sim virtuoso. A excelência moral relaciona-se com a virtude da prudência, que consiste em encontrar os meios mais adequados para alcançar os fins propostos, nos casos concretos que se apresentam. Assim, não há uma receita de boas ou más ações.
Conclusão • O lado negativo do jeito gera situações delicadas e comprometedoras da conduta ética; • O lado positivo alivia o brasileiro da vida oprimida que ele precisa vencer; • Aqui que se estabelecem os dilemas éticos do jeito; • O descaso generalizado das autoridades públicas alimenta o jeito e incentiva a transgressão das normas, levando à corrupção; • Partindo de princípios éticos, o indivíduo deve encontrar um limite para que o uso do jeito seja virtuoso e não se torne um abuso vicioso.
Referências • Sites: • http://br.geocities.com/ivarvasconcelos/Jetinho.htm; • http://www.atitudejovem.com/artigos_detalhe.php; • Livro: Dando um Jeito no Jeittinho – como ser ético sem deixar de ser brasileiro, de Lourenço Stelio Rega;