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1. Avaliação Estudos e reflexões
2. Alguns pontos básicos Avaliar vem do latim valere que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto, de acordo com o significado original da palavra, avaliar é atribuir um juízo de valor.
A prática de avaliação é histórica e não se restringe ao contexto escolar. À medida que os homens começaram a se comunicar, começaram, simultaneamente, a analisar e a julgar.
Essa avaliação, denominada de avaliação assistemática, inclui apreciação sobre adequação, eficiência de ações e experiências; envolve sentimentos e pode ser verbalizada ou não.
3. Avaliação e subjetividade Ao longo das últimas décadas, perseguindo-se uma avaliação objetiva e mensurável, os educadores procuram determinar critérios, normas e parâmetros que minimizem o caráter subjetivo do processo avaliativo.
No entanto, pesquisas sobre fidedignidade na correção de testes por vários examinadores comprovaram a falibilidade desta hipótese.
A avaliação é sempre um processo com caráter eminentemente subjetivo.
4. A base da subjetividade Os examinadores tendem a interpretar os critérios de correção de forma pessoal, a partir da sua própria compreensão do assunto e de outros aspectos, resultando na variabilidade dos graus e resultados entre diferentes examinadores, sobretudo em testes dissertativos.
A consciência da subjetividade inerente à avaliação suscita transformá-la numa ação reflexiva e de continuada aprendizagem por parte do professor.
5. Avaliação e uniformidade A tendência das escolas de tornar a educação e a avaliação processos uniformes faz com que todos os alunos sejam tratados da mesma maneira.
A prática avaliativa nas escolas e universidades vem sendo criticada por negar ou desrespeitar as diferenças individuais dos educandos. Persegue-se a homogeneidade como padrão normal.
Muitos são os procedimentos avaliativos que punem os desvios ao padrão estabelecido e premiam o que dele se aproximam.
6. Um breve histórico da avaliação 2000 A.C.: oficiais chineses já conduziam exames para o ingresso no serviço civil.
Na antiga Grécia: educadores gregos, como Sócrates, empregavam avaliações verbais como parte do processo de aprendizagem.
Sec. XVII: nos Estados Unidos, Joseph Rice avaliou o desempenho, em ortografia, de 33000 alunos pertencentes à rede escolar de uma grande cidade.
7. Outros marcos na história da avaliação Início do séc. XX: Robert Thorndike enfatiza a importância de medir comportamentos humanos. Esse movimento resultou no desenvolvimento de testes padronizados.
Década de 30: Tyler e outros autores introduziram vários procedimentos de avaliações, como inventários, escalas e check lists, para avaliar o desempenho dos alunos. É criado o Ministério da Educação no Brasil. Até então, o termo “avaliação” nem sequer era usado nos documentos escolares. Em seu lugar liam-se “provas”, “exames”, “critérios de promoção de alunos” e outros termos que deixavam claro que avaliar, até então, era atribuir notas.
8. A avaliação começa a mudar Em dezembro de 1961 foi aprovada a Lei nº. 4.024, que fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Sobre o que diz essa lei, quanto à avaliação da aprendizagem, podemos inferir que a avaliação deve ser um procedimento contínuo com acompanhamento constante do desempenho do aluno, e tem como objetivo selecionar aqueles que devem ou não ser aprovados; o professor é visto como elemento responsável para efetuar a avaliação do aluno e utilizar outros procedimentos de avaliação além dos exames e provas - a lei sugere entrevistas, questionários, observações e outros.
9. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 11 de agosto de 1971 A avaliação da aprendizagem passa a ser definida como procedimentos que determinam até que ponto os objetivos foram atingidos, focalizando o desempenho do aluno nas diferentes experiências de aprendizagens; a avaliação não se caracteriza apenas como um procedimento de mensuração, mas com a função de apoiar a decisão quanto à promoção ou não do aluno e como suporte para o aperfeiçoamento das condições de aprendizagem.
10. A visão (teórica) atual A atual proposta para a avaliação educacional não tem como referência apenas as questões técnicas da avaliação, mas deve fornecer informações sobre o processo de aprendizagem dos alunos que possibilitem aos professores identificar as causas de insucesso ou sucesso escolar de seus educandos.
A mudança de perspectiva em relação ao papel da educação requer, no entanto, uma mudança de perspectiva do professor sobre o papel da avaliação no processo pedagógico.
11. Uma Experiência traumática em avaliação "Na quinta série do 1º grau vivi uma terrível experiência, talvez a mais cruel de todas que um professor pode submeter uma classe.Bem, a professora de Geografia, logo na primeira semana de aula avisou que faria uma caixinha com o número de todos os alunos e outra com perguntas dos textos das unidades estudadas. Haveria também uma terceira caixinha com castigos para quem as errasse. ‘Castigos simples’ como: pintar o nariz de vermelho, pôr chapéu colorido. andar para trás por toda a sala, etc... Isso acontecia uma vez por semana com sorteio de cinco números. O nervosismo era terrível e (...)" (1994).
12. Uma experiência positiva em educação "Uma experiência positiva que eu tive foi quando estava na 6ª série. A professora de Ciências não dava avaliações escritas, escolhíamos um tema do livro para apresentarmos e depois montávamos a aula de acordo com o tema. Utilizávamos slides, cartazes, íamos a vários estabelecimentos fazer entrevista, enfim, aprendíamos com mais interesse e vontade" (1992).
13. Self-fulfilling profecy Theory (A teoria da Profecia autorrealizável) Uma profecia autorrealizável é um prognóstico que, ao se tornar uma crença, provoca a sua própria concretização. Quando as pessoas esperam ou acreditam que algo acontecerá, agem como se a profecia ou previsão já fosse real e assim a previsão acaba por se realizar efetivamente. Ou seja, ao ser assumida como verdadeira - embora seja falsa - uma previsão pode influenciar o comportamento das pessoas, de modo que a reação delas acaba por tornar a profecia real.
Quando um professor acredita que um ou mais alunos são incapazes de aprender, tenderá a produzir instrumentos de avaliação que confirmem este prognóstico, resultando na reprovação desses alunos, o que acaba por comprovar a sua tese.
14. Novos rumos para a avaliação O novo paradigma da avaliação como processo dá cada vez mais prestígio ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que passa a ser o único ou um dos principais instrumentos de seleção de ingressantes de 45 universidades federais.
Além dos alunos, são avaliados os professores, as instituições e o próprio sistema de ensino do país.
15. A polêmica da meritocracia Está em debate, no Rio Grande do Sul, a meritocracia para professores da rede estadual de ensino. O sistema propõe avaliar os professores de acordo com seus talentos e qualificações e quanto à forma como estes talentos e estas qualidades permitem que os alunos tenham acesso a uma educação capaz de desenvolver sua inteligência e suas aptidões, independentemente de sua condição social ou econômica. Embora o Governador Tarso Genro evite usar o termo “meritocracia”, preferindo dizer que deseja uma avaliação por mérito, parece que a educação gaúcha caminha nesse rumo e que não haverá volta.
16. Quando o próprio ensino brasileiro é reprovado Numa iniciativa inédita, 6 mil alunos do 3º ano do ensino fundamental (antiga 2ª série, cursada por crianças de oito anos, em média) foram avaliados no país. O resultado mostra que cerca de metade (44%) não aprendeu o que era esperado em leitura, escrita e matemática. A Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) foi realizada em parceria pela ONG Todos Pela Educação, Instituto Paulo Montenegro (Ibope), Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão ligado ao MEC. Foi aplicada no primeiro semestre deste ano a alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais.
17. Referências CAMARGO, Alzira Leite O Discurso sobre a avaliação escolar do ponto de vista do aluno. Rev. Fac. Educ. vol. 23 n. 1-2 São Paulo Jan./Dec. 1997.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação: Mito e Desafio. Porto Alegre: Editora Mediação, 2000.
VIEIRA, Vânia Maria de Oliveira. Avaliação Educacional: algumas contribuições teóricas para a formação de professores. Revista Profissão Docente, Uberaba, v.8, n.18, 2008